Senado debate estratégias contra praga que ameaça lavouras de cacau no Brasil
Audiência pública proposta pelo senador Zequinha Marinho discute a monilíase, doença com potencial para devastar até 80% da produção cacaueira, incluindo a do Pará, maior produtor nacional.

Nesta quarta-feira (11), às 14h, a Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado Federal realizará uma audiência pública para discutir medidas de prevenção e contenção da monilíase, praga que ameaça a lavoura cacaueira brasileira. Detectada pela primeira vez no país em julho de 2021, no Acre, a doença é causada pelo fungo Moniliophthora roreri e já é endêmica em países vizinhos como Colômbia, Equador e Peru.
A iniciativa é do senador paraense Zequinha Marinho (Podemos-PA). No requerimento que originou a audiência (REQ 17/2025 – CRA), ele destaca a gravidade da situação:
“Essa praga tem alto potencial destrutivo, podendo causar perdas superiores a 80% da produção de frutos, além de severos impactos socioeconômicos nas regiões produtoras”, afirma o parlamentar no documento.
O debate também abordará o atual nível de preparo do Brasil para enfrentar a doença, a necessidade de construção de barreiras sanitárias nas fronteiras agrícolas e a formulação de políticas públicas voltadas à vigilância fitossanitária e à capacitação de produtores e técnicos rurais.
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Pará lidera produção nacional e é exemplo em produtividade
No documento, o senador também ressalta a importância econômica, social e ambiental da cultura do cacau em estados como Bahia, Espírito Santo, Rondônia, Amazonas e, especialmente, o Pará — atual líder nacional na produção de cacau.
De acordo com dados da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) e da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), o Pará atingiu, em 2024, produtividade média de 847 kg por hectare, superando a média nacional (483 kg/ha) e até mesmo a da África, maior produtora mundial, que gira em torno de 500 kg/ha. No município de Medicilândia, esse número ultraa 1.190 kg por hectare, consolidando a cidade como maior produtora de amêndoas de cacau do país.
Além da produtividade, o estado se destaca pelo cultivo em sistemas agroflorestais (SAF), que integram produção agrícola e preservação ambiental, gerando emprego e renda para milhares de agricultores familiares.
Estado já desenvolve ações para proteger a lavoura
Com o avanço da monilíase nos países vizinhos e a confirmação dos primeiros focos no Brasil, o Pará já vem adotando medidas preventivas. A Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) intensificou ações de vigilância em propriedades rurais, fiscalização do trânsito agropecuário e campanhas de educação sanitária.
Entre os projetos em curso, destaca-se o “Proteção e fortalecimento da cacauicultura paraense, prevenção e combate à Monilíase nas divisas do Estado”, lançado em 2025 com apoio do Conselho Gestor do Fundo de Apoio à Cacauicultura do Estado do Pará (Funcacau). A iniciativa prevê a capacitação de técnicos e produtores, além da implementação de barreiras sanitárias nas regiões de risco.
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